A OPINIÃO DE QUEM ENTENDE
Por Equipe - Santo André
22/04/2003 - Atualizado há 5 dias
Trasladamos abaixo parte da opinião dada pelo sr. Amauri Zerillo a respeito dos motivos que levaram, na sua opinião, a Boi Gordo a quebra:
'Trabalhei na FRBG liderando uma equipe de excelentes profissionais num projeto de reorganização que objetivava evitar o que aconteceu.
Depois do projeto pronto e iniciado fomos surpreendidos por um stop order da CVM, que até então vinha autorizando emissão, ou seja, liberou enquanto não havia controles e interrompeu quando a empresa, por iniciativa própria, iniciava uma reorganização.
Essa equipe perdeu sua motivação em razão de como as dificuldades resultantes da stop order vinham sendo resolvidas, mas só se desligou em agosto após arrancar da CVM a aprovação (depois de 5 meses) de todas as solicitações a ela feitas.
Quase três meses depois a FRBG obteve a concordata.
1 - CVM
Você tem razão em questionar a postura da CVM, aliás somos nós quem pagamos os burocras que lá tentam defender, e só, suas aposentadorias ou trampolim para uma outra autarquia em vez de cuidar do mercado e do pequeno investidor.
CVM brigou com o Banco Central para que o negócio FRBG ficasse em sua área de atuação (primeiro erro) depois impôs a FRBG regras do mercado de capitais (segundo erro), não se dedicou entender qual era o negócio da FRBG achando ser uma empresa emissora de CIC quando na verdade o negócio da FRBG era carne, o CIC era uma forma de financiar a operação (erro, este natural de burocra que não sai da mesa), não fez nenhuma consistência dos números recebidos, nem verificou se realmente havia fazenda, gado e sistemas de controles que garantissem o controle dos títulos e a operação da empresa (este erro é tão grosseiro que nos leva acreditar que ...), aceitou, para autorizar emissões, cálculos de viabilidade da emissão sem considerar a situação da empresa, mesmo assim bastava consultar outros pecuaristas se a taxa de retorno era possível (idem), continuou liberando emissões sem acompanhar e verificar se as projeções de viabilidade das emissões anteriores estavam acontecendo (típico de burocra), e ao saber que a empresa estava iniciando um projeto de reorganização interrompeu novas emissões com um stop order divulgando na imprensa que a FRBG estava emitindo títulos sem autorização da CVM.
Demonstrava assim um medo que na reorganização se levantasse sua inoperância e o medo dos burocras em perder sua aposentadoria.
Utilizaram como razão para o stop order um procedimento que tinham conhecimento desde a primeira emissão que era o uso do boletim de subscrição em mãos de todos os vendedores, justamente para que o controle do CIC fosse centralizado na sede.
Fizeram alarde na imprensa, porque?
Se quisessem proteger o investidor tentariam apoiar as iniciativas de reorganização.
O destino tem suas ironias, cinco meses depois (20/8/2001) do stop order a CVM aprovou o plano de reorganização, ou seja, aprovou a abertura da empresa para o mercado de ações, aprovou o lançamento de ações e uma nova emissão de CIC.
Não fossem os cinco meses de total inércia o projeto estaria aos poucos sendo colocado de pé.
Nenhuma empresa agüenta, principalmente uma que já esteja dependendo de rodar sua bicicleta.
É bom que se afirme que qualquer responsabilidade da CVM não altera nem diminui a responsabilidade da FRBG.
O que não é justo é que a CVM saia dessa como tendo feito sua parte.
Ela não fez nada quando devia e quando não devia, fez o errado.
Pior é querer processar quem trabalhou corretamente; os auditores.
O trabalho da Boucinhas foi muito responsável.
Seus relatórios e citações aos relatórios da administração estão claros quanto à posição financeira da empresa.
Devemos lembrar que os auditores certificam uma demonstração financeira se está ou não informando a real situação da empresa naquela data.
As demonstrações da FRBG mostravam que a operação perdia dinheiro, que o patrimônio estava negativo portanto a demonstração estava correta apesar de indesejável.
O papel do auditor não é informar como a empresa deveria operar e o quanto deveria estar ganhando e sim se os valores apresentados estão razoavelmente bem avaliados mesmo que ótimos ou ruins.
A CVM querer processar a Boucinhas é mais uma tentativa de se esquivar da total abdicação de suas responsabilidades, pois suas primeiras aprovações das emissões do CIC (inclusive a maior delas = 8 milhões de @), a Boucinhas nem tinha sido contratada ainda. '
Como veêm, havia solução para a não quebra da Boi Gordo, em um projeto que levaria cerca de cinco anos e meio e dela tiraria o que Zerilllo chama de EFEITO BICICLETA ( captar de A para pagar B).
Agora como tudo na vida tem um lugar e um momento certo, esta oportunidade foi perdida, só nos restando corrigir os nossos créditos e aguardar a decisão do Judiciário sobre o destino da concordata.
Vamos apoiar um plano para manter íntegro a patrimônio da BG, para que este não se desvalorize ainda mais.